O direito de cuidar com presença: o que a ciência e as políticas públicas dizem


“Todo bebê tem direito a crescer com afeto, proteção e dignidade. E quem cuida tem o direito de ser amparado, respeitado e bem informado.” 

Caderneta da Criança – Ministério da Saúde


Quando falamos de maternidade, ainda é comum ouvir que "instinto basta", que "cada um faz do seu jeito" ou, em outro extremo, que "não existe manual". Mas o que pouco se fala — e quase nunca é levado a sério — é que cuidar também é um direito garantido por políticas públicas, amparado por evidências científicas e, mais do que tudo, sustentado por uma lógica de proteção e dignidade.

Um exemplo concreto e simbólico disso é a Caderneta da Criança, entregue gratuitamente nas unidades de saúde, e disponível online em versões atualizadas. Muitas famílias usam a caderneta apenas para registrar vacinas e pesos, sem perceber que ali há muito mais: há diretrizes, há escuta, há afirmações sobre vínculo, nutrição, sono, presença e segurança emocional que raramente são ditas com tanta clareza em outros lugares.


🌱 Cuidar é político. E também é técnico.

A Caderneta da Criança, assim como os documentos da OMS e da Sociedade Brasileira de Pediatria, não são guias aleatórios. Eles são o resultado de décadas de pesquisa, diálogo entre profissionais de diferentes áreas e o reconhecimento de que as primeiras infâncias são determinantes para a saúde física, emocional, social e até econômica de uma sociedade.

Quando um documento oficial diz que:

  • Amamentação exclusiva até os 6 meses e continuada até os 2 anos ou mais é o ideal,

  • O uso de telas deve ser evitado antes dos 2 anos,

  • O sono deve ser respeitoso e com presença,

  • Toda criança tem direito a brincar todos os dias,

  • E que quem cuida deve ser orientado com afeto e respeito...

... isso não é só recomendação.
É política de cuidado.
É afirmação de um compromisso público com a vida das crianças e com o cotidiano de quem as cuida.


🧡 Quem cuida com presença não é exagerada. Está amparada.

A maior parte das mães que se esforçam para amamentar, para responder ao choro com acolhimento, para respeitar o ritmo do bebê ou para buscar alternativas mais sensíveis à criação tradicional, acaba se sentindo sozinha, julgada ou insegura.
E isso acontece porque o que é oficial raramente é divulgado com clareza.
Fica invisível, escondido sob a poeira do “cada um cria como quiser” — que na prática vira “quem cria com consciência é exagerada”.

Mas quando a gente lê com calma a Caderneta da Criança, o Manual de Aleitamento Materno, as diretrizes da SBP, percebe que não estamos sós.

É o mundo que ainda não sabe (ou não quer ver) que já existe, sim, um outro jeito de cuidar — mais informado, mais respeitoso, mais humano.


📘 Recomendações que merecem ser conhecidas (e divulgadas):

  • Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e continuado até 2 anos ou mais (OMS, SBP, Caderneta)

  • Introdução alimentar com alimentos naturais e sem pressa (MS, SBP)

  • Nada de telas até 2 anos; depois disso, uso moderado e supervisionado (SBP)

  • Cada criança tem seu tempo para falar, andar, brincar e se vincular (Caderneta da Criança)

  • O vínculo afetivo com quem cuida é essencial para o desenvolvimento (Caderneta da Criança)


Divulgar é também cuidar

Quando você compartilha esse tipo de informação, você não está “militando” ou sendo radical.
Você está fortalecendo outras cuidadoras. Está quebrando o isolamento que muitas mães vivem.
Está oferecendo um cuidado mais justo, mais informado, mais possível.

E se isso ainda parece pouco, lembre-se: o que você sabe hoje, alguém precisava ter sabido antes.
Agora é você quem pode passar adiante.


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